terça-feira, 13 de julho de 2010

poemas...



ARTE

ARTEFATO

AR-TE-FALTA

ARTE FAÇA

AR FATO

ATO

ATOR

FATOR

TEOR

TEORIA FATAL

FATO ARTE

ARTE FATO

ARFA

AR - FA

AR





INTEGRAÇÃO TOTAL

Tenho andado pelas ruas

Com a sensação de estar

Colada a cada passo,

Integrada ao asfalto

E totalmente presa ao céu

Tenho andado pelas ruas

Com a sensação de Ter

Todo o tempo do mundo,

Sem pressa, sem agitação

Percebendo o significado

De cada coisa

Sem a menor preocupação

Em significar...

Tenho andado pelas ruas

Com absoluta certeza

De ser dona de mim

Tão dona do meu corpo

Do meu andar

Do meu sorriso

E me carregando

Pra lá e pra cá

Numa exibição,

Num desfile

De mim e mim e mim e mim...

Para mim mesma...

Tenho andado pelas ruas

Respirando todos os odores,

Todos os ardores

Todas as poesias...

Tenho andado pelas ruas

Distraindo meus sentidos

Vasculhando meus sabores

Ajeitando minhas rimas

Dispersando meus valores

Tenho andado pelas ruas

Com simplicidade, leveza

E esvaziamento

De dar inveja a passarinho...






sexta-feira, 9 de julho de 2010

poemas...


QUERER


Meu desejo se avoluma

Invade todos os planos

Da racionalidade

E aponta mais uma vez

As possibilidades de ser feliz

Aponta esquinas, becos,

Lixos, entulhos...

Nunca o asfalto,

O sinal de trânsito,

As indicações do percurso...

Aponta as trilhas,

Os labirintos, a escuridão,

Os atalhos...

Esse desejo sempre me chama

Pro inusitado

E eu, fascinada

Reconheço o reflexo

Dos gritos

Nas entrelinhas de mim...








MULHER



Mulher,

Molhar,

Olhar,

Ola

Lar

Mulher

Melhor

Maior

Mel

Mulher

Mar

Ar

Mulher

Mulher Ar

Mulherar









quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma reflexão


Ontem conversando com o meu médico aprendi umas coisas interessantes. Primeiro que câncer a alzheimer são doenças produzidas pela própria pessoa, pela dinâmica que se cria nas estradas da vida. E o principal predador de nossa saúde é o stress. Estamos expostos ao estress desde que acordamos até a noite. Quando não somos invadidos por ele no meio da madrugada. Essa noite mesmo fui acordada por um intenso barulho de obra do lado do meu prédio. Pode uma coisa dessas? Serra elétrica, explosões e conversa alta às três horas da manhã? Esse predador nos acompanha como um obssessor se permitirmos. A grande cilada é dizer sim a esses pontos negros que nos provocam. Continuo achando que estou nesse mundo pra ser feliz e achar graça das incoerências do ser humano. Sinto indignação de verdade quando me deparo com desrespeito , violência, desamor. Mas não deixo que sentimentos negros tomem conta da minha alma. Limpo a possibilidade do stress cantando novas canções, criando novos poemas. Pratico a minha assertividade com disciplina , revejo meus erros, as más escolhas e continuo caminhando percebendo a alegria nas coisas mais simples da vida. As pessoas que amo sempre estão comigo mesmo distante fisicamente. No final da conversa com meu médico respirei fundo e pensei: Que pessoa leve eu sou! Sem nenhuma modéstia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sessão em Paris


SESSÃO EM PARIS



As passagens já estavam compradas. Tudo aconteceu tão rapidamente que Renata precisava apelar para um amigo agilizar a atualização do passaporte. Era sua primeira viagem a Paris. A forma como tudo aconteceu deixava Renata completamente desnorteada na arrumação das malas. Esticou na cama o que tinha de melhor no estilo clássico e fez uma seleção básica e chique para dez dias de viagem.

Renata fazia análise há cinco anos com um dos melhores psicanalistas do Rio de Janeiro. Melhor em competência profissional e principalmente em delicadeza e sensibilidade artística. Sua vida se ampliou maravilhosamente nesse processo analítico. Seus passos ficaram mais firmes, sua voz mais solta, seu olhar mais penetrante, seus desejos bem administrados. Na verdade sua vida ganhou cores e brilhos.

A relação de Renata com seu psicanalista transcendia o divã: era algo belo e, ao mesmo tempo, simbiótico. Ele, por outro lado, refletia tudo aquilo que Renata projetava em termos de arte, vida, amor, dor, angústia... Porém eles nunca tiveram uma conversa fora da cena analítica. Até que um dia Philip, era esse o seu nome, fez uma proposta à Renata. Havia sido convidado para participar, com direito a acompanhante, de um Congresso Psicanalítico em Paris. Sabendo dos sonhos e do empenho de Renata em relação à psicanálise resolveu abrir mão de todas as éticas que permeiam esse tipo de decisão e fez o convite. Renata perdeu a voz, mas seu corpo disse sim.

Não se detiveram muito em questionar o certo e o errado. Simplesmente conversaram sobre as questões práticas da viagem e marcaram o horário de encontro no aeroporto.

Philip desmarcou seus compromissos com as aulas e sessões de análise. Já Renata simplesmente disse aos amigos que iria passar dez dias no nordeste.

Na véspera da viagem Renata nem conseguiu dormir. Tomou um lexotan e passou a noite inteira desenhando no seu ateliê. Quando o sol nasceu, saiu para uma caminhada na tentativa de arrumar as expectativas que rondavam seus pensamentos. Voltou pra casa, tomou café e dormiu durante duas horas. À tarde fez uma meditação e deu uma última conferida na bagagem. Às sete horas já se dirigia, possuída de sonhos, para o Aeroporto Tom Jobim.

Exatamente às 23h30min Philip e Renata embarcaram num vôo e num sonho diretamente para Paris, sem escalas em dúvidas ou preocupações.

Chegar à cidade luz foi algo que estonteou os gestos e os passos de Renata. Chegar ao hotel e se dar conta que dividiriam o mesmo quarto emudeceu a naturalidade de um e outro.

Tomaram banho, trocaram de roupa e saíram para almoçar e dar um giro pela cidade. O congresso só começaria no dia seguinte.

À noite, muito cansados, compraram uma garrafa de um excelente Bordeaux, baguete, alguns frios e fizeram um piquenique no próprio quarto.

No auge do bem estar do vinho Philip deitou-se na cama, como se estivesse num divã, enquanto Renata, sentada num sofá à sua frente ocupava um lugar de escuta para aquele homem, aquele sujeito. Philip jorrava as palavras tentando dar forma àquela energia que pairava no ar. Todas as associações livres. Como num set psicanalítico.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Poema


DEIXA EU...




Deixa eu fingir que sou criança

Enquanto há brilho no olhar

Enquanto o por do sol me seduz

No sabor do mistério do fim do dia...

Deixa eu ser criança

Pra fazer você sorrir

Deixa eu fingir que sou criança

Pra engasgar com o chiclete,

Comer terra, formiga,

Brincar de gente grande...

Deixa eu fingir que sou criança

Pra desarrumar seu armário

Apagar a luz do quarto

E fingir que tenho medo

Do bicho papão,

Do saci-pererê

E daquele homem com cara de homem...

Deixa eu...

Ah! Deixa!!!

Deixa eu deitar no leite derramado

Brincar de melado

Inventar namorado

Desinventar o pecado...

Deixa eu ser cirança

Sem compromisso com a seriedade

Desatinada, de verdade

Enfeitada de vaidades

Sem veleidades...

Deixa eu ser criança

Contar, gritar, cantar,

Cortar papel, passar anel,

Viver ao léu...

Deixa eu flutuar!

Ah, deixa eu!!!

Deixa!?!?