Conseguindo me salvar arrumei a mesa, pratos, copos, talheres e um orgulho de gourmet. Com palavras, sem palavras, murmúrios e gemidos de prazer devoramos a pasta. Tudo à italiana. Encerrando com a França num creme brulée de dar inveja a Amelie Poulain.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Um almoço de domingo
Conseguindo me salvar arrumei a mesa, pratos, copos, talheres e um orgulho de gourmet. Com palavras, sem palavras, murmúrios e gemidos de prazer devoramos a pasta. Tudo à italiana. Encerrando com a França num creme brulée de dar inveja a Amelie Poulain.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Bruce, um anjo de quatro patas...
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
De amigos e anjos...
terça-feira, 13 de julho de 2010
poemas...
ARTE
ARTEFATO
AR-TE-FALTA
ARTE FAÇA
AR FATO
ATO
ATOR
FATOR
TEOR
TEORIA FATAL
FATO ARTE
ARTE FATO
ARFA
AR - FA
AR
INTEGRAÇÃO TOTAL
Tenho andado pelas ruas
Com a sensação de estar
Colada a cada passo,
Integrada ao asfalto
E totalmente presa ao céu
Tenho andado pelas ruas
Com a sensação de Ter
Todo o tempo do mundo,
Sem pressa, sem agitação
Percebendo o significado
De cada coisa
Sem a menor preocupação
Em significar...
Tenho andado pelas ruas
Com absoluta certeza
De ser dona de mim
Tão dona do meu corpo
Do meu andar
Do meu sorriso
E me carregando
Pra lá e pra cá
Numa exibição,
Num desfile
De mim e mim e mim e mim...
Para mim mesma...
Tenho andado pelas ruas
Respirando todos os odores,
Todos os ardores
Todas as poesias...
Tenho andado pelas ruas
Distraindo meus sentidos
Vasculhando meus sabores
Ajeitando minhas rimas
Dispersando meus valores
Tenho andado pelas ruas
Com simplicidade, leveza
E esvaziamento
De dar inveja a passarinho...
sexta-feira, 9 de julho de 2010
poemas...
QUERER
Meu desejo se avoluma
Invade todos os planos
Da racionalidade
E aponta mais uma vez
As possibilidades de ser feliz
Aponta esquinas, becos,
Lixos, entulhos...
Nunca o asfalto,
O sinal de trânsito,
As indicações do percurso...
Aponta as trilhas,
Os labirintos, a escuridão,
Os atalhos...
Esse desejo sempre me chama
Pro inusitado
E eu, fascinada
Reconheço o reflexo
Dos gritos
Nas entrelinhas de mim...
MULHER
Molhar,
Olhar,
Ola
Lar
Mulher
Melhor
Maior
Mel
Mulher
Mar
Ar
Mulher
Mulher Ar
Mulherar
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Uma reflexão
terça-feira, 6 de julho de 2010
Sessão em Paris
SESSÃO EM PARIS
As passagens já estavam compradas. Tudo aconteceu tão rapidamente que Renata precisava apelar para um amigo agilizar a atualização do passaporte. Era sua primeira viagem a Paris. A forma como tudo aconteceu deixava Renata completamente desnorteada na arrumação das malas. Esticou na cama o que tinha de melhor no estilo clássico e fez uma seleção básica e chique para dez dias de viagem.
Renata fazia análise há cinco anos com um dos melhores psicanalistas do Rio de Janeiro. Melhor em competência profissional e principalmente em delicadeza e sensibilidade artística. Sua vida se ampliou maravilhosamente nesse processo analítico. Seus passos ficaram mais firmes, sua voz mais solta, seu olhar mais penetrante, seus desejos bem administrados. Na verdade sua vida ganhou cores e brilhos.
A relação de Renata com seu psicanalista transcendia o divã: era algo belo e, ao mesmo tempo, simbiótico. Ele, por outro lado, refletia tudo aquilo que Renata projetava em termos de arte, vida, amor, dor, angústia... Porém eles nunca tiveram uma conversa fora da cena analítica. Até que um dia Philip, era esse o seu nome, fez uma proposta à Renata. Havia sido convidado para participar, com direito a acompanhante, de um Congresso Psicanalítico
Não se detiveram muito em questionar o certo e o errado. Simplesmente conversaram sobre as questões práticas da viagem e marcaram o horário de encontro no aeroporto.
Philip desmarcou seus compromissos com as aulas e sessões de análise. Já Renata simplesmente disse aos amigos que iria passar dez dias no nordeste.
Na véspera da viagem Renata nem conseguiu dormir. Tomou um lexotan e passou a noite inteira desenhando no seu ateliê. Quando o sol nasceu, saiu para uma caminhada na tentativa de arrumar as expectativas que rondavam seus pensamentos. Voltou pra casa, tomou café e dormiu durante duas horas. À tarde fez uma meditação e deu uma última conferida na bagagem. Às sete horas já se dirigia, possuída de sonhos, para o Aeroporto Tom Jobim.
Exatamente às 23h30min Philip e Renata embarcaram num vôo e num sonho diretamente para Paris, sem escalas em dúvidas ou preocupações.
Chegar à cidade luz foi algo que estonteou os gestos e os passos de Renata. Chegar ao hotel e se dar conta que dividiriam o mesmo quarto emudeceu a naturalidade de um e outro.
Tomaram banho, trocaram de roupa e saíram para almoçar e dar um giro pela cidade. O congresso só começaria no dia seguinte.
À noite, muito cansados, compraram uma garrafa de um excelente Bordeaux, baguete, alguns frios e fizeram um piquenique no próprio quarto.
No auge do bem estar do vinho Philip deitou-se na cama, como se estivesse num divã, enquanto Renata, sentada num sofá à sua frente ocupava um lugar de escuta para aquele homem, aquele sujeito. Philip jorrava as palavras tentando dar forma àquela energia que pairava no ar. Todas as associações livres. Como num set psicanalítico.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Poema
DEIXA EU...
Deixa eu fingir que sou criança
Enquanto há brilho no olhar
Enquanto o por do sol me seduz
No sabor do mistério do fim do dia...
Deixa eu ser criança
Pra fazer você sorrir
Deixa eu fingir que sou criança
Pra engasgar com o chiclete,
Comer terra, formiga,
Brincar de gente grande...
Deixa eu fingir que sou criança
Pra desarrumar seu armário
Apagar a luz do quarto
E fingir que tenho medo
Do bicho papão,
Do saci-pererê
E daquele homem com cara de homem...
Deixa eu...
Ah! Deixa!!!
Deixa eu deitar no leite derramado
Brincar de melado
Inventar namorado
Desinventar o pecado...
Deixa eu ser cirança
Sem compromisso com a seriedade
Desatinada, de verdade
Enfeitada de vaidades
Sem veleidades...
Deixa eu ser criança
Contar, gritar, cantar,
Cortar papel, passar anel,
Viver ao léu...
Deixa eu flutuar!
Ah, deixa eu!!!
Deixa!?!?
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Haicais
foi num tempo cor
em que a vida se deu conta
que era feliz
Em tempo de copa
o esplendor da lua cheia
me faz gritar: Gol!
Essa rua é minha
cheia de pedras azuis
cheiro de fantasma
Ares de canção
em viagens sem retorno
luzes apagadas
Cansei de ser só
no meu corpo estremece
uma outra vida
Nesse palco escuro
apresento minha vida
Aplausos sem dor!
domingo, 27 de junho de 2010
Anos Caetânicos
Anos Caetânicos
Sempre gostei de escrever. Os circuitos pontuados no meu caminho sempre se fizeram pela escrita. Lembro de quando criança gostava de registrar as festas, os bailes num papel como se estivesse escrevendo uma coluna social. Tudo sempre foi engavetado e, algumas vezes, rasgado em pedacinhos que saíam voando fora do meu caminho. Escrevia pra me salvar e me acolher. A tristeza sempre roubando a cena dos momentos alegres. Como só me fosse permitido rabiscar e desenhar as perdas, a fragilidade, a incompreensão da vida. Hoje não. Hoje consigo perceber que todas as minhas andanças na vida são histórias que podem e devem ser contadas.
A fase de paixão por Caetano Veloso a partir dos festivais e do movimento Tropicália foi muito intensa. Ainda me vejo atravessando o jardim São João em Niterói entrando numa pequena loja de discos e comprando aquele vinil (Tropicália) como se fosse uma jóia, uma aquisição preciosa. Saí da loja atracada com ele, num andar firme, rico, poderoso, dona de mim. Aquilo era ser feliz. Chegar em casa, sentar e só ouvir. Ouvir e me arrepiar. Decorar as letras, absorver as melodias... Eu, achando Caetano o homem mais lindo do mundo. O sorriso... Ah, como gosto de sorrisos. Acho que há certas pessoas que não precisam de mais nada a não ser o próprio sorriso. Caetano era assim. Só precisava estar vestido de sorriso. Achava suas roupas lindas, ousadas, a cara de tudo o que eu queria ser... Meus amigos achavam estranha essa paixão. Alguns até desaprovavam. Mas em relação a música ninguém nunca conseguiu me desviar da minha sensibilidade genuína, minha, muito minha.
Assistir um show do Caetano era sempre um êxtase. Uma vez entrei no camarim do Thereza Rachel, falei com ele, entreguei uma música que havia feito e disse: “Se não gostar pode destruir.” Ao que ele me respondeu naquela voz mansa: “Não sei não. Eu não sou de destruir as coisas não.” Essa fala ficou martelando na minha cabeça e gerou um trecho de uma canção que compus.
Quando estava grávida do meu primeiro filho Alexandre, que por sinal é um excelente músico, entrei correndo assim que as portas do teatro se abriram para o show. Tudo isso pra sentar na primeira fila. Esse show assisti duas vezes. Na segunda vez fui com Paulinho (meu amigo até hoje) e nesse dia teve participação especial de Chico Buarque. Tirei muitas fotos e ao final do show eu e Paulinho subimos no palco, pegamos o copo com um restinho de uísque do Chico, bebemos, guardamos a relíquia (que tenho até hoje) e invadimos o camarim. Falamos com Chico, Miúcha, Caetano, pegamos autógrafo e, quando já estávamos saindo, Nisso, uma louca que andava com a gente lascou um selinho no Caetano. Ele foi pego de surpresa e ficou sem ação. Saí de lá rindo, mas no fundo com muita inveja da louca, de não ter feito a mesma coisa. Hoje me lembro disso tudo com muito orgulho por ter podido viver o brilho dessa época. Uma época que, de certa forma, ainda faz parte do meu jeito, do meu andar, do meu dizer... Uma época. Caetânica. Simplesmente Caetânica...
sábado, 26 de junho de 2010
Às vezes tenho a sensação de que meus amigos são teclas de marfim de um piano que me oferece a possibilidade das mais variadas harmonias. Cada um tem seu som e timbre especiais. Meus ouvidos e minha alma se deixam embalar por acordes suaves. Algumas vezes estremeço com o reconhecimento de canções que andavam adormecidas em mim. Outras vezes viajo em sons dissonantes, estrangeiros e descubro rachaduras em compartimentos descuidados e abandonados. Certos fraseados me deliciam no descontrole das gargalhadas. Viro criança e saio dançando com o vento e o sol. Silencio meus barulhos internos pra estar inteira com o meu piano. Predadores já tentaram roubar algum marfim. Isso doeu muito na minha alma. Com algum trabalho artesanal, delicado, sutil, consegui tecer o talento de reparar tecla por tecla. E resolvi usar uma chave mágica que tranca e destranca quando meu desejo assim o quer. Meus dedos passeiam num bailado singular. Meus amigos criam bemóis, sustenidos e revelam sentidos que legitimam a minha música. Adoro meu piano. Adoro meus amigos.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
haicais
Finalmente fui iniciada na construção de haicai. Conversando com meu amigo poeta Cecchetti mostrei curiosidade e comecei a experimentar. Arrisquei e já consegui produzir alguma coisa. Haicai é um jeito poético e conciso de se expressar. De origem japonesa chegou ao Brasil no início do século 20 e é distribuído em três versos de 5, 7, e 5 sílabas formando assim um terceto. É como um poema fotografia. Andei praticando e como tenho sido aprovada pelo mestre Cecchetti, resolvi postar. Aí vão meus primeiros haicais:
Para meu cão Bruce que já se foi:
Melhor cão do mundo
Bruce abriga um anjo
bom, de quatro patas
Antes do jogo de domingo:
Domingo azul morno
Costa do Marfim Brasil
Torço ou retorço?
:
Num sopro de ar
Uma nuvem te desvela
Lua, lua, lua..
.
Desperta insone
Reinvento sensações
Nuvens de saudades
Costuras de sonhos
Em alinhavos cinzentos
Colcha de retalhos
Neblina gelada.
Gente simples, comunhão
De Nova Friburgo
domingo, 20 de junho de 2010
reflexão...
Sem Nome
Tenho marcado encontros com a vida e não consigo chegar. Parece que existe um atraso inerente ou aderente à minha pele, à minha alma estabelecendo desculpas e descasos com essa questão. Fico estarrecida e muda diante de tons dissonantes que sempre rondaram todos os meus ouvidos. Sim, todos os meus ouvidos. Tenho vários órgãos para cada sentido. E vários sentidos para cada órgão. As esquinas do meu corpo estremecem a cada nitidez desses sentidos. Nesses momentos vejo que não estou só: me habitam tantos seres e eu teimo em me simplificar. Não sou simples nem abstrata. Sou um caos, a desorganização, sou toda manchada de cores e brancos e pretos e cinzas. Sou condenada a não chegar perto desse vendaval. Parece que me arrasto pelas frestas mal iluminadas do meu avesso e não consigo sair do lugar. Preciso de passos mais largos ao invés de dar voltas sobre mim mesma, na mesmice, na repetição, na invalidez da alma. Torço e retorço meu coração e continuo com o sangue enlatado sem jorrar pela vida...
Estou me sentindo um ponto que nem é ponto porque não significa, não consegue significar nem um ponto qualquer nessa lacuna, nesse vazio, nesse sei lá o quê... Preciso encontrar a vida. Urgentemente!