segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um almoço de domingo


Domingo diferente. Saímos da mesmice e ousamos novos sabores na cozinha. A máquina de fazer massa de macarrão comprada numa feira de antiguidades na França foi batizada em grande estilo. Nosso aventais italianos e americano (presente da prima querida Dalvinha) criaram a coreografia juntamente com nosso cão empapuçado de fidelidade e farinha no focinho. Aos goles de vinho tinto francês fabricamos um divino spaghetti. Os filhos e noras esperando pelo almoço. E nós marcando os minutos nos ponteiros do prazer.. Um creme brulée feito de véspera dividia espaço na geladeira com alguns legumes mal encarados. Cada vez que abria a geladeira pra pegar alguma coisa recebia seus olhares de raiva e desdém tentando colocar culpas no meu estômago e na minha cabeça. Algums pareciam querer me atacar. Assustador!
Conseguindo me salvar arrumei a mesa, pratos, copos, talheres e um orgulho de gourmet. Com palavras, sem palavras, murmúrios e gemidos de prazer devoramos a pasta. Tudo à italiana. Encerrando com a França num creme brulée de dar inveja a Amelie Poulain.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bruce, um anjo de quatro patas...


Ele ficou por aqui o tempo possível. Um tempo onde a alegria, os sonhos esparramaram emoções em todos nós, trazendo surpresas de festas em olhares e brincadeiras. Nosso tempo lúdico cresceu lindamente e trouxe a criança interna de cada um. Espaços se abrindo. A vida com mais sabor e graça. Sua beleza se misturava com a bondade de seu olhar e paralisava as pessoas na rua. Todos se aproximavam com sorrisos e boas intenções, como se agregar pessoas também fosse um grande motivo pra ele estar aqui. Quando nos separávamos meu coração doía de uma saudade inexplicável e ele em sintonia me dava sinais de que sofria também. Os retornos eram sempre explosão de festa e alegria pelos espaços da casa. As luzes ficaram mais brilhantes e o ar mais leve . Sua chegada codificou novos sentidos e emoções em todos. Nossa comunicação telepática me era tão natural que dispensava qualquer comentário. Tudo ia bem quando ele estava por perto. A vida sempre dando boas vindas ao acaso, ao novo. Até que um dia seu tempo de partir foi ameaçando chegar machucando minha alma, sangrando meu coração. Não havia outro jeito a não ser dizer adeus. Dizer adeus pro amigo que trouxe tanto... Sereno e calmo como chegou ele se foi. Nesse dia acreditei em todos os anjos , desses que carregam no colo essas criaturas maravilhosas que passam pela vida da gente com o motivo de só harmonizar. Assim foi Bruce. Meu amigo, meu amado cão... Um anjo de quatro patas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

De amigos e anjos...


Estou de volta. Não sei bem porque me ausentei tanto tempo desse espaço. Andei pensando sobre alguns motivos. Viagem e preguiça. Mas não foi só isso. Sabe quando a gente dedetiza a casa e tem que manter fechada durante um tempo pra depois limpar e voltar? Acho que foi mais ou menos isso que aconteceu aqui. Alguns ratos e baratas invadiram meu espaço e a sujeira foi tão pesada que eu tive que purificar a energia negativa que andou circulando por essas letras. Mas... estou de volta ... Fiz uma viagem incrível para a Borgonha na França com meus dois grandes amigos Gustavo e Laurentiu. Falar dessas duas pessoas me alegra e aquece minha alma. Gustavo, meu sobrinho faz parte da minha vida desde que nasceu. Apesar da diferença de idade construímos uma relação especial, atemporal. Laurentiu o amigo romeno que me faz sentir rainha em todos os sentidos. Os dois me fazem rir muito, me carregam no colo, me deixam ser do meu jeito livre e desajeitado. Me aceitam na idade que eu tiver e quiser. Me emocionam, me mostram a beleza dos lugares, me permitem dividir com eles os momentos intensos da vida. Saudades dos passeios, do vinho abençoando conversas sérias e bobas perto da madrugada. Saudades da leveza, confiança ,amor e respeito dessas duas pessoas maravilhosas. Anjos amigos. Um brinde: Salut! Norok! Saúde!

terça-feira, 13 de julho de 2010

poemas...



ARTE

ARTEFATO

AR-TE-FALTA

ARTE FAÇA

AR FATO

ATO

ATOR

FATOR

TEOR

TEORIA FATAL

FATO ARTE

ARTE FATO

ARFA

AR - FA

AR





INTEGRAÇÃO TOTAL

Tenho andado pelas ruas

Com a sensação de estar

Colada a cada passo,

Integrada ao asfalto

E totalmente presa ao céu

Tenho andado pelas ruas

Com a sensação de Ter

Todo o tempo do mundo,

Sem pressa, sem agitação

Percebendo o significado

De cada coisa

Sem a menor preocupação

Em significar...

Tenho andado pelas ruas

Com absoluta certeza

De ser dona de mim

Tão dona do meu corpo

Do meu andar

Do meu sorriso

E me carregando

Pra lá e pra cá

Numa exibição,

Num desfile

De mim e mim e mim e mim...

Para mim mesma...

Tenho andado pelas ruas

Respirando todos os odores,

Todos os ardores

Todas as poesias...

Tenho andado pelas ruas

Distraindo meus sentidos

Vasculhando meus sabores

Ajeitando minhas rimas

Dispersando meus valores

Tenho andado pelas ruas

Com simplicidade, leveza

E esvaziamento

De dar inveja a passarinho...






sexta-feira, 9 de julho de 2010

poemas...


QUERER


Meu desejo se avoluma

Invade todos os planos

Da racionalidade

E aponta mais uma vez

As possibilidades de ser feliz

Aponta esquinas, becos,

Lixos, entulhos...

Nunca o asfalto,

O sinal de trânsito,

As indicações do percurso...

Aponta as trilhas,

Os labirintos, a escuridão,

Os atalhos...

Esse desejo sempre me chama

Pro inusitado

E eu, fascinada

Reconheço o reflexo

Dos gritos

Nas entrelinhas de mim...








MULHER



Mulher,

Molhar,

Olhar,

Ola

Lar

Mulher

Melhor

Maior

Mel

Mulher

Mar

Ar

Mulher

Mulher Ar

Mulherar









quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma reflexão


Ontem conversando com o meu médico aprendi umas coisas interessantes. Primeiro que câncer a alzheimer são doenças produzidas pela própria pessoa, pela dinâmica que se cria nas estradas da vida. E o principal predador de nossa saúde é o stress. Estamos expostos ao estress desde que acordamos até a noite. Quando não somos invadidos por ele no meio da madrugada. Essa noite mesmo fui acordada por um intenso barulho de obra do lado do meu prédio. Pode uma coisa dessas? Serra elétrica, explosões e conversa alta às três horas da manhã? Esse predador nos acompanha como um obssessor se permitirmos. A grande cilada é dizer sim a esses pontos negros que nos provocam. Continuo achando que estou nesse mundo pra ser feliz e achar graça das incoerências do ser humano. Sinto indignação de verdade quando me deparo com desrespeito , violência, desamor. Mas não deixo que sentimentos negros tomem conta da minha alma. Limpo a possibilidade do stress cantando novas canções, criando novos poemas. Pratico a minha assertividade com disciplina , revejo meus erros, as más escolhas e continuo caminhando percebendo a alegria nas coisas mais simples da vida. As pessoas que amo sempre estão comigo mesmo distante fisicamente. No final da conversa com meu médico respirei fundo e pensei: Que pessoa leve eu sou! Sem nenhuma modéstia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sessão em Paris


SESSÃO EM PARIS



As passagens já estavam compradas. Tudo aconteceu tão rapidamente que Renata precisava apelar para um amigo agilizar a atualização do passaporte. Era sua primeira viagem a Paris. A forma como tudo aconteceu deixava Renata completamente desnorteada na arrumação das malas. Esticou na cama o que tinha de melhor no estilo clássico e fez uma seleção básica e chique para dez dias de viagem.

Renata fazia análise há cinco anos com um dos melhores psicanalistas do Rio de Janeiro. Melhor em competência profissional e principalmente em delicadeza e sensibilidade artística. Sua vida se ampliou maravilhosamente nesse processo analítico. Seus passos ficaram mais firmes, sua voz mais solta, seu olhar mais penetrante, seus desejos bem administrados. Na verdade sua vida ganhou cores e brilhos.

A relação de Renata com seu psicanalista transcendia o divã: era algo belo e, ao mesmo tempo, simbiótico. Ele, por outro lado, refletia tudo aquilo que Renata projetava em termos de arte, vida, amor, dor, angústia... Porém eles nunca tiveram uma conversa fora da cena analítica. Até que um dia Philip, era esse o seu nome, fez uma proposta à Renata. Havia sido convidado para participar, com direito a acompanhante, de um Congresso Psicanalítico em Paris. Sabendo dos sonhos e do empenho de Renata em relação à psicanálise resolveu abrir mão de todas as éticas que permeiam esse tipo de decisão e fez o convite. Renata perdeu a voz, mas seu corpo disse sim.

Não se detiveram muito em questionar o certo e o errado. Simplesmente conversaram sobre as questões práticas da viagem e marcaram o horário de encontro no aeroporto.

Philip desmarcou seus compromissos com as aulas e sessões de análise. Já Renata simplesmente disse aos amigos que iria passar dez dias no nordeste.

Na véspera da viagem Renata nem conseguiu dormir. Tomou um lexotan e passou a noite inteira desenhando no seu ateliê. Quando o sol nasceu, saiu para uma caminhada na tentativa de arrumar as expectativas que rondavam seus pensamentos. Voltou pra casa, tomou café e dormiu durante duas horas. À tarde fez uma meditação e deu uma última conferida na bagagem. Às sete horas já se dirigia, possuída de sonhos, para o Aeroporto Tom Jobim.

Exatamente às 23h30min Philip e Renata embarcaram num vôo e num sonho diretamente para Paris, sem escalas em dúvidas ou preocupações.

Chegar à cidade luz foi algo que estonteou os gestos e os passos de Renata. Chegar ao hotel e se dar conta que dividiriam o mesmo quarto emudeceu a naturalidade de um e outro.

Tomaram banho, trocaram de roupa e saíram para almoçar e dar um giro pela cidade. O congresso só começaria no dia seguinte.

À noite, muito cansados, compraram uma garrafa de um excelente Bordeaux, baguete, alguns frios e fizeram um piquenique no próprio quarto.

No auge do bem estar do vinho Philip deitou-se na cama, como se estivesse num divã, enquanto Renata, sentada num sofá à sua frente ocupava um lugar de escuta para aquele homem, aquele sujeito. Philip jorrava as palavras tentando dar forma àquela energia que pairava no ar. Todas as associações livres. Como num set psicanalítico.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Poema


DEIXA EU...




Deixa eu fingir que sou criança

Enquanto há brilho no olhar

Enquanto o por do sol me seduz

No sabor do mistério do fim do dia...

Deixa eu ser criança

Pra fazer você sorrir

Deixa eu fingir que sou criança

Pra engasgar com o chiclete,

Comer terra, formiga,

Brincar de gente grande...

Deixa eu fingir que sou criança

Pra desarrumar seu armário

Apagar a luz do quarto

E fingir que tenho medo

Do bicho papão,

Do saci-pererê

E daquele homem com cara de homem...

Deixa eu...

Ah! Deixa!!!

Deixa eu deitar no leite derramado

Brincar de melado

Inventar namorado

Desinventar o pecado...

Deixa eu ser cirança

Sem compromisso com a seriedade

Desatinada, de verdade

Enfeitada de vaidades

Sem veleidades...

Deixa eu ser criança

Contar, gritar, cantar,

Cortar papel, passar anel,

Viver ao léu...

Deixa eu flutuar!

Ah, deixa eu!!!

Deixa!?!?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Haicais


Alguns Haicais





foi num tempo cor
em que a vida se deu conta
que era feliz





Em tempo de copa
o esplendor da lua cheia
me faz gritar: Gol!







Essa rua é minha
cheia de pedras azuis
cheiro de fantasma








Ares de canção
em viagens sem retorno
luzes apagadas







Cansei de ser só
no meu corpo estremece
uma outra vida







Nesse palco escuro
apresento minha vida
Aplausos sem dor!



domingo, 27 de junho de 2010

Anos Caetânicos

Anos Caetânicos

Sempre gostei de escrever. Os circuitos pontuados no meu caminho sempre se fizeram pela escrita. Lembro de quando criança gostava de registrar as festas, os bailes num papel como se estivesse escrevendo uma coluna social. Tudo sempre foi engavetado e, algumas vezes, rasgado em pedacinhos que saíam voando fora do meu caminho. Escrevia pra me salvar e me acolher. A tristeza sempre roubando a cena dos momentos alegres. Como só me fosse permitido rabiscar e desenhar as perdas, a fragilidade, a incompreensão da vida. Hoje não. Hoje consigo perceber que todas as minhas andanças na vida são histórias que podem e devem ser contadas.

A fase de paixão por Caetano Veloso a partir dos festivais e do movimento Tropicália foi muito intensa. Ainda me vejo atravessando o jardim São João em Niterói entrando numa pequena loja de discos e comprando aquele vinil (Tropicália) como se fosse uma jóia, uma aquisição preciosa. Saí da loja atracada com ele, num andar firme, rico, poderoso, dona de mim. Aquilo era ser feliz. Chegar em casa, sentar e só ouvir. Ouvir e me arrepiar. Decorar as letras, absorver as melodias... Eu, achando Caetano o homem mais lindo do mundo. O sorriso... Ah, como gosto de sorrisos. Acho que há certas pessoas que não precisam de mais nada a não ser o próprio sorriso. Caetano era assim. Só precisava estar vestido de sorriso. Achava suas roupas lindas, ousadas, a cara de tudo o que eu queria ser... Meus amigos achavam estranha essa paixão. Alguns até desaprovavam. Mas em relação a música ninguém nunca conseguiu me desviar da minha sensibilidade genuína, minha, muito minha.

Assistir um show do Caetano era sempre um êxtase. Uma vez entrei no camarim do Thereza Rachel, falei com ele, entreguei uma música que havia feito e disse: “Se não gostar pode destruir.” Ao que ele me respondeu naquela voz mansa: “Não sei não. Eu não sou de destruir as coisas não.” Essa fala ficou martelando na minha cabeça e gerou um trecho de uma canção que compus.

Quando estava grávida do meu primeiro filho Alexandre, que por sinal é um excelente músico, entrei correndo assim que as portas do teatro se abriram para o show. Tudo isso pra sentar na primeira fila. Esse show assisti duas vezes. Na segunda vez fui com Paulinho (meu amigo até hoje) e nesse dia teve participação especial de Chico Buarque. Tirei muitas fotos e ao final do show eu e Paulinho subimos no palco, pegamos o copo com um restinho de uísque do Chico, bebemos, guardamos a relíquia (que tenho até hoje) e invadimos o camarim. Falamos com Chico, Miúcha, Caetano, pegamos autógrafo e, quando já estávamos saindo, Nisso, uma louca que andava com a gente lascou um selinho no Caetano. Ele foi pego de surpresa e ficou sem ação. Saí de lá rindo, mas no fundo com muita inveja da louca, de não ter feito a mesma coisa. Hoje me lembro disso tudo com muito orgulho por ter podido viver o brilho dessa época. Uma época que, de certa forma, ainda faz parte do meu jeito, do meu andar, do meu dizer... Uma época. Caetânica. Simplesmente Caetânica...



sábado, 26 de junho de 2010



Meu piano, meus amigos...



Às vezes tenho a sensação de que meus amigos são teclas de marfim de um piano que me oferece a possibilidade das mais variadas harmonias. Cada um tem seu som e timbre especiais. Meus ouvidos e minha alma se deixam embalar por acordes suaves. Algumas vezes estremeço com o reconhecimento de canções que andavam adormecidas em mim. Outras vezes viajo em sons dissonantes, estrangeiros e descubro rachaduras em compartimentos descuidados e abandonados. Certos fraseados me deliciam no descontrole das gargalhadas. Viro criança e saio dançando com o vento e o sol. Silencio meus barulhos internos pra estar inteira com o meu piano. Predadores já tentaram roubar algum marfim. Isso doeu muito na minha alma. Com algum trabalho artesanal, delicado, sutil, consegui tecer o talento de reparar tecla por tecla. E resolvi usar uma chave mágica que tranca e destranca quando meu desejo assim o quer. Meus dedos passeiam num bailado singular. Meus amigos criam bemóis, sustenidos e revelam sentidos que legitimam a minha música. Adoro meu piano. Adoro meus amigos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

haicais


Finalmente fui iniciada na construção de haicai. Conversando com meu amigo poeta Cecchetti mostrei curiosidade e comecei a experimentar. Arrisquei e já consegui produzir alguma coisa. Haicai é um jeito poético e conciso de se expressar. De origem japonesa chegou ao Brasil no início do século 20 e é distribuído em três versos de 5, 7, e 5 sílabas formando assim um terceto. É como um poema fotografia. Andei praticando e como tenho sido aprovada pelo mestre Cecchetti, resolvi postar. Aí vão meus primeiros haicais:



Para meu cão Bruce que já se foi:



Melhor cão do mundo

Bruce abriga um anjo

bom, de quatro patas




Antes do jogo de domingo:



Domingo azul morno

Costa do Marfim Brasil

Torço ou retorço?




:

Num sopro de ar

Uma nuvem te desvela

Lua, lua, lua..



.

Desperta insone

Reinvento sensações

Nuvens de saudades




Costuras de sonhos

Em alinhavos cinzentos

Colcha de retalhos




Neblina gelada.

Gente simples, comunhão

De Nova Friburgo

domingo, 20 de junho de 2010

reflexão...


Sem Nome




Tenho marcado encontros com a vida e não consigo chegar. Parece que existe um atraso inerente ou aderente à minha pele, à minha alma estabelecendo desculpas e descasos com essa questão. Fico estarrecida e muda diante de tons dissonantes que sempre rondaram todos os meus ouvidos. Sim, todos os meus ouvidos. Tenho vários órgãos para cada sentido. E vários sentidos para cada órgão. As esquinas do meu corpo estremecem a cada nitidez desses sentidos. Nesses momentos vejo que não estou só: me habitam tantos seres e eu teimo em me simplificar. Não sou simples nem abstrata. Sou um caos, a desorganização, sou toda manchada de cores e brancos e pretos e cinzas. Sou condenada a não chegar perto desse vendaval. Parece que me arrasto pelas frestas mal iluminadas do meu avesso e não consigo sair do lugar. Preciso de passos mais largos ao invés de dar voltas sobre mim mesma, na mesmice, na repetição, na invalidez da alma. Torço e retorço meu coração e continuo com o sangue enlatado sem jorrar pela vida...

Estou me sentindo um ponto que nem é ponto porque não significa, não consegue significar nem um ponto qualquer nessa lacuna, nesse vazio, nesse sei lá o quê... Preciso encontrar a vida. Urgentemente!