quarta-feira, 26 de maio de 2010

Alguns pormas meus


POSES

Vejo minha alma destoando
Da foto
Parece que existem duas ou mais
Pessoas em cena
Uma dando lugar à outra,
Disputando poses e olhares
Pra ver quem sai melhor na foto.
O sorriso vira um comercial
Previamente ensaiado e esbranquiçado
O olhar interpreta exatamente
A cena encomendada pelo diretor (interno? )
As luzes determinam
Quantas pessoas vão sair na foto
Há dias em que venho com cinco ou dez
Noutros só tenho uma parceira
Aparecer sozinha depende
De um cachê bastante alto,
Depende de mandar aquela gente toda esperar
Dar atividade pra elas,
Distraí-las,
Suborná-las,
Numa tentativa
De aprisioná-las
Até a entrada
Da próxima cena...
Do próximo espetáculo...
Fecho as cortinas...





RECORTES


Doa a quem doer
Sou cabeça, tronco, membros
Toda prosa
Especial, sob medida
A seus pés
Por transparência,
Vitrine das águas
Todo os caminhos conduzem a
Tanto mar...
Agora?
Amanhã?
será que não dá pra combinar as duas coisas?
A hora do não...
O primeiro sinal verde...
A última gota...
Breve história.






MIX DE SER

Mistura de cores,
ensaios, intenções...
Assim tem sido
Meus passos
Intensos, vazios, descarados,
Mascarados, ousados...
Assim tem sido meu olhar
Focado, cego, nebuloso, claro...
Assim tem sido meu ouvido
Surdo, atento, refinado...
Assim tem sido minha voz
Segura, rouca, muda, gritante...
Assim tem sido meu mundo
Dramático, fantástico, rotineiro,
Real, irreal...
Assim tenho sido eu
Louca, lúcida, válida, inválida,
Sendo, não sendo, sendo, estando,
Indo, vindo, indo, vindo, indo...

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